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Como melhorar a gestão da sua empresa com a ajuda da LGPD

Luana Lopes Pinheiro*

Desde que entrou em vigor em setembro de 2020, um dos argumentos expostos pelas empresas para postergar a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados é o impacto financeiro

Interessante observar que esse mesmo motivo é o que tem levado as empresas a se adequar: evitar perdas financeiras causadas por multas ou indenizações advindas de processos judiciais ou afins. Isso sem falar do aspecto mercadológico, considerando que é um risco uma empresa em situação legal se relacionar com empresa em condições ilegais. Pesado o termo, mas infelizmente é essa a condição de empresas que não estão adequadas. 

Popularmente se fala que a parte mais sensível do ser humano é o bolso, mas seria essa a motivação principal para tudo, seja no âmbito pessoal ou empresarial? Aparentemente sim, mas importa dizer que, na verdade, os ônus e os bônus da conformidade à LGPD vão muito além desse fator. 

Então como transformar esse limão em uma limonada? 

Os números não mentem

Em janeiro de 2022, a Cisco publicou um estudo demonstrando que a privacidade se tornou um pré-requisito dos consumidores e uma missão crítica dada a sua importância. Esse estudo, denominado Cisco Data Privacy Benchmark Study, é uma publicação anual baseada em pesquisas com mais de 4.900 profissionais de segurança em 27 países ao redor do mundo.

Relação da LGPD com os consumidores

De acordo com esse estudo, pelo segundo ano consecutivo, 90% dos entrevistados nessa pesquisa global disseram que não comprariam de uma organização que não protege adequadamente os seus dados, ficando evidente o quão importante está se tornando essa condição em seu processo de compra. 

Investimento e impacto financeiro da LGPD 

Outra informação de relevada importância nessa pesquisa foi identificar se as empresas estão se beneficiando financeiramente dos investimentos realizados em prol da privacidade. De acordo com o relatório, o retorno sobre o investimento (ROI) da privacidade permanece alto pelo terceiro ano consecutivo, com maiores benefícios, especialmente para organizações de pequeno e médio porte, e maior ROI para organizações mais maduras em termos de privacidade.

Se considerássemos “apenas” as informações destacadas acima, já seria possível concluir que a proteção de dados será de fato um grande diferencial de mercado e muito benéfico aos negócios. Contudo, vamos adentrar agora em outras nuances, além da questão financeira. 

Consequências da adequação 

O processo de adequação à LGPD é multidisciplinar e multifatorial. Abrange todas as áreas de todas as empresas, não é “do” Jurídico ou “da” TI. Envolve todas as áreas, todas as pessoas da organização. Aliás, importa lembrar que a lei foi feita para proteger as pessoas e, sendo assim, não existe projeto de adequação bem feito que não coloque as pessoas no centro da conscientização. 

A propósito, a maioria dos incidentes de segurança da informação estão relacionados aos fatores humanos. Daí vem a urgência da construção de uma cultura de proteção de dados, especialmente no ambiente corporativo.

Mas qual a relação da gestão das empresas com a adequação à lei? Ao realizar a adequação a empresa passará por análises que lhe permitirá:

  1. Maturidade organizacional, ou seja, a empresa irá conhecer os seus processos e, assim, poderá otimizá-los, podendo até mesmo reduzir tempo e custos na sua operação, ou seja, gerando um impacto financeiro positivo;
  2. Gerenciamento e até redução de riscos;
  3. Gerenciamento de fornecedores, seja em relação à qualidade, como em relação à segurança da informação;
  4. Oportunidades de negócios. Conheço empresas que entenderam e integraram tão bem os benefícios da LGPD que passaram a oferecer serviços e produtos voltados para atender a essa necessidade do mercado. Muitas empresas de TI criaram softwares e serviços com o objetivo de dar segurança aos seus clientes.

Notadamente, o que se figurava como mais um custo a pesar nas empresas e uma imposição legal se demonstra como a consequência de uma evolução mundial, uma vez que o uso da internet (e de dados pessoais) será cada vez mais intensa. 

A proteção de dados vai além de ser salvaguarda de ameaças cibernéticas, é uma excelente oportunidade para proteger o seu negócio. Aliás, não podemos esquecer que todas as empresas envolvem pessoas, direta ou indiretamente. E se as empresas não prezam por elas, quem o fará?


Luana Lopes Pinheiro: Fundadora da Consultraining Consultoria e Treinamentos. Empreendedora e Consultora na área de Proteção de Dados. Especialista em análise de contratos e gestão de projetos.   

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